Resposta a Gerlania Marrone

04/03/2013 16:48

 

Bom já era de se esperar que depois de falar umas verdades, trazer a discussão alguns dos problemas de Cachoeira dos Índios, haveria algum retorno ou como diria os mais cultos, para usar um termo gringo, um feedback. Pois bem, recebemos ontem esta mensagem de um perfil intitulado Gerlania Marrone (Kenedy), que apresenta a foto da dona no perfil e ainda não nos adicionou como amigo. Lemos a mensagem e decidimos responder.

Querida Gerlania,

Você não nos conhece e nós não sabemos quem você é. Não somos professores e acredito que você também não seja. Em primeiro lugar pela dificuldade que você tem de escrever, sem colocar pontos, emendando uma frase na outra, o que acaba comprometendo seriamente a compreensão da mensagem que você quer passar. Segundo, os professores em geral têm a prática de pensar, de se informar e com isso desenvolvem o espírito crítico, sendo assim mais difícil deixar-se alienar. Por fim, um professor não perde seu tempo criticando ou ameaçando colegas, sejam eles contratados do estado ou do município.

Afinal Gerlania, o que sabemos sobre professores em Cachoeira dos Índios? Às vezes simplesmente empurramos nossos filhos pra escola como modo de nos livrarmos deles durante o horário escolar. Tantas outras, cuidamos da frequência muito mais interessados no benefício da Bolsa Escola do que propriamente no aprendizado dos pequenos. Quer dizer, relegamos simplesmente aos professores a responsabilidade da educação dos nossos filhos. As vezes, quando tomamos conhecimento de que os nossos filhos fizeram prova final e foram reprovados, é que nos damos ao trabalho de telefonar ou comparecer a escola pra “ajeitar” para que o filho seja passado de ano a força.

Lembro-me de uma vez que eu estava no mercadinho de Allan e ao meu lado uma professora que fazia suas compras tranquilamente foi interrompida por alguém da escola que ligava em nome de uma mãe desesperada por ver o filho reprovado. Ao que a professora prontamente respondeu: “Não me passe telefone pra mãe nenhuma. O tempo de falar com mãe de aluno é no ínicio do ano. Se o filho não passou é porque não estudou. Está reprovado e pronto!” e desligou. Nota dez para essa professora que foi firme. Gostaria que todos tivessem essa a coragem de não se curvar diante das pressões que lhes caem aos ombros todos os dias.

Infelizmente, nem todos sabem ou fingem não saber, que grande parte dos professores que ensinam aos nossos filhos, tanto na Escola Estadual Professor Adalberto Oliveira quanto nas escolas municipais sequer tem um contrato assinado. Simplemente substituem outros professores que “vendem” parte de seus horários. Como consequencia os professores não conseguem ter estabilidade nas escolas onde ensinam, não podem se comprometer com o desenvolvimento de bons projetos a longos prazos com os alunos, pois a qualquer momento os professores titulares podem pedir a vaga de volta. Não podem se quer abrir um crediário, pois a qualquer hora podem não ter dinheiro para pagar a prestação. Como então podem reclamar melhores condições de trabalho?

Aliás, boas condições de trabalho é uma coisa que poucos professores têm. Qualquer professor no Brasil tem que lecionar em várias escolas, muitas vezes com vários quilômetros de distância para poder complementar sua renda. Por conta disso, fazer um horário no início do ano letivo é um desafio e tanto para a direção da escola.

Indigna-me ver a inversão de valores que existe na Prefeitura Municipal de Cachoeira dos Índios, onde os professores que estão todos os dias na escola, sequer são contratados, enquanto as escolas são transformadas em cabides de empregos dos parentes dos parlamentares que não raro, moram fora e só comparecem a cada três meses para assinar o livro de ponto.

Engaçado Gerlania como ao ver o nosso blog você acha logo que somos professores e nos faz ameaças. Como é fácil atacar o elo mais frágil da corrente. Por que não enfrentar o prefeito e os vereadores que mandam e desmandam nessa cidade? Quem dera os professores tivessem alguma influência em Cachoeira dos Índios. Certamente ela seria bem melhor. Mas como se pode ser facilmente notado, nem o prefeito, nem o vice, muito menos nenhum dos vereadores é professor. Pode verificar.

Depois você nos chama de chantagistas. Muito bem, eu vou te dizer o que é chantagem. Chantagem é os candidatos fantasmas que os vereadores colocaram para barrar mudança na câmara. Chantagem é se vingar dos professores transferindo-os para um local cada vez mais longe de sua residência. Chantagem é perguntar em quem o cidadão votou quando este precisa ser atendido no hospital da cidade. Chantagem é punir o sindicato dos funcionários cortando o desconto automático da contribuição dos servidores em retaliação a iniciativa de promover um debate entre os candidatos a prefeito nas últimas eleições. Enfim, há uma série de situações que os leitores devem estar lembrando nesse momento que se configuram chantagem.

Deixo também uma pergunta a todos os que lerem esse texto. Quais prefeitos e vereadores de Cachoeira dos Índios educaram seus filhos em escolas situadas no nosso município. Quantos atualmente mantém os filhos na Escola Maria Candido, na Escola João Izidro de Sousa e na Escola Prof. Adalberto Oliveira? Será que é porque não acredita no ensino do município, na qualidade dos professores que se tem por aqui?

Gerlania você diz que tem uma denúncia a fazer sobre a escola do estado, então lhe peço que faça. Se tiver algo errado pra ser trazido à tona muito nos interessa. Queremos escolas cada vez melhores para nossos filhos. Não temos vínculos empregatícios nem com estado nem tampouco com o município. Não recebemos dinheiro de ninguém nem temos pretensões de vir a disputar cargos eletivos. O que nos move é o simples e único desejo de ver uma cidade melhor para todos. Realmente podíamos ter iniciado o nosso blog muito tempo antes. É uma pena que não tenhamos nos mobilizado há mais tempo.