Programa Cachoeira em Foco 09.08.2015

15/08/2015 13:57

Repercutimos e comentamos alguns dos temas levantados na última edição do Cachoeira em Foco de domingo passado. Confira:

Pena de Morte

O Professor Chico retomou a questão da pena de morte, abordada no dia 26 de julho. Mas, sabe quando a emenda fica pior que o soneto? Pois é. Quando se espera uma justificativa mais convincente de alguém teoricamente preparado e se decepciona. Para justificar a sua defesa da pena de morte, o professor disse que era a favor pelo fato de já existir uma pena de morte “informal”. Faz quase uma semana e ainda não conseguimos entender como se corrige uma pena de morte informal, com uma formal.  A não ser que o Professor Chico queira combater Fogo com Fogo, Pena de Morte com Pena de Morte.

Como um ser humano pode defender a morte do seu semelhante, ainda que seja como punição para outra morte? Levando em consideração que Jesus Cristo foi morto por uma sentença de morte imposta por um estado corrupto, como um cristão pode pedir a execução de uma pessoa, se o próprio Cristo ensinou o perdão e a tolerância.

Tratar a violência focando em suas consequências e desprezando as suas causas é muito comum em nossa sociedade. É um ponto alto do senso comum, que francamente não deveria ser defendido por um professor com pós-graduação.

O estado, (as prefeituras, inclusive) precisa investir em políticas públicas de inclusão que contemple crianças, adolescentes e jovens a exemplo da prática de esportes e incentivo à cultura. Com urgência secretarias de educação, esporte, cultura, saúde e ação social precisam agir em conjunto e realizar planejamento para cinco ou dez anos. Também é preciso oferecer apoio irrestrito ao trabalho de órgãos como o Conselho Tutelar.

A ideia é que possamos apoioar e incluir pessoas em situação de vulnerabilidade, concedendo-lhes oportunidades de construírem sua história. Que governo e sociedade possam abraçar essas pessoas e lhes oferecer oportunidades e qualidade de vida, através de políticas públicas instituídas, sem clientelismo, assistecialismo ou troca de favores. Do contrário, o crime, as drogas e prostituição serão os lugares onde essas pessoas buscarão apoio e alento. E depois serão execradas pelos “cidadãos de bem”, que baseados no senso comum defenderão a execução dessas pessoas.

Ao mesmo tempo esperamos bom senso dos formadores de opinião. Não é porque algumas pessoas têm as suas convicções intolerantes e extremas (embora devam ser respeitadas), que devem expô-las no ar. No último programa, uma ouvinte liga para corroborar com a opinião do professor.

Por sorte, há no programa, alguém de bom senso que inteveio e cobrou responsabilidades na informação e aprofundamento no estudo das causas da violéncia. Parabéns Marquinhos Campos a sua posição foi eticamente correta. Sem a sua intevenção teríamos um linchamento até o fim da edição do programa.

 

Milho na Mochila

Teve uma afirmação interessante de Wanderley Marques. “Vamos ver quem tem milho na mochila”. O que significa “Milho na Mochila”?

Seria capital político, constituído e acumulado pelo prefeito de Cachoeira dos Índios e pelos vereadores do município, ao longo dos muitos anos e mandatos?

Seria a prefeitura e a câmara nas mãos para ser utilizada como barganha, ou seja a máquina pública a serviço dos políticos de plantão?

Seria dinheiro para gastar na compra de votos? Uma prática vergonhosa e passível de punição pela Justiça Eleitoral?

Embora sendo uma atitude socialmente condenável e ilegal, a compra de votos está instituída na nossa sociedade e já foi sedimentada culturalmente ao longo de mais de meio século de eleições em Cachoeira dos Índios. Na véspera das eleições há muitos carros e motos circulando pela cidade e zona rural. Não importa o quanto cada partido vigie o adversário, a prática da compra de votos lamentavelmente acontece, influenciando inclusive o resultado das urnas. Isso suscita algumas questões:

1 - Qual a necessidade de um político, que está no poder por vários anos e mandatos, e tem capital político, se utilizarem de prática tão vil?

2 - Onde estão os serviços prestados à população, os quais seriam suficientes para convencer da competência e das boas intenções?

3 - Cadê os planos de ação, cartas programas, propostas para implementação na administração do município?

Parece-nos que um candidato que precise comprar voto para se eleger, não está realmente seguro de sua capacidade e potencial para representar a população. Não se garante e não fé no próprio taco.

O que dizer a população sobre compra de votos? Quem quiser que receba o dinheiro oferecido, no entanto, lembre-se que o voto é secreto, que apura é a Justiça Eleitoral brasileira que é considerada no exterior como uma das instituições mais corretas e competentes do Brasil. Lembrem também que o voto é secreto e que naquele momento é só você e a urna. Não há meio de partidos políticos ou candidatos rastrearem os votos dos cidadãos.

Ora, se uma pessoa usa como meio de acesso ao poder, a compra da consciência do cidadão, ele já está de antemão dizendo quem é e como pretende agir quando estiver no poder. Então população, não sinta remorso por não votar no candidato que quer compra-los. Pensem que ao votar nas pessoas realmente comprometidas com a sociedade, estarão, ao mesmo tempo eliminando do meio político esses corruptos e oportunistas que pretendem usar o poder público para se locupletar .

 

Combater Fogo com Fogo

(Leia aqui o nosso comentário sobre o que pensamos sobre essa expressão).

 

Sobre Uniões e Acordos

Há alguns tipos de acordo propostos em Cachoeira dos Índios que são antidemocráticos e que ferem de morte a democracia republicana. Nós não falamos em ditadura em nosso texto, o que mencionamos é que se sentar numa mesa as principais lideranças da situação e oposição e escolher um candidato para concorrer, será tirada do povo a oportunidade de escolher.

A melhor forma de escolha, ainda é e sempre será a urna eleitoral. É lá onde deve haver o verdadeiro acordo entre o povo e o candidato livremente escolhido por suas habilidades e competências. Se há pessoas dispostas a concorrer e há partidos suficientes para comportar essas pessoas e formalizarem suas candidaturas, então que concorram livremente e que vença o melhor.

Aliás, se nas ultimas eleições não houvesse imperado um acordo com o objetivo de blindar a situação e manter o poder nas mãos de uma minoria, a mesma que governou a cidade por meio século e se beneficiou indiscriminadamente do poder, certamente esse ciclo haveria chegado ao fim estivéssemos em situação melhor.

O mesmo vale para os vereadores. Para que as mesmas pessoas pudessem permanecer nas cadeiras, usaram do artifício de registrar candidaturas de parentes e pessoas de confiança, de modo a evitar que outros interessados em concorrer e trabalhar pelo povo, tivessem vez. (Leia sobre isso aqui) Pensavam que o fariam em segredo, mas está tudo registrado na internet, essa “coisa do inferno” tão útil ao povo na atualidade.

E porque isso? Porque sabem que se concorrerem de maneira justa e igualitária com essa geração nova, estudada, competente e informada que tem emergido em nossa cidade, não terão a menor chance. A melhor prova disso é que de três candidatos que concorreram livremente pela oposição (Marleide, Emílio e Edegildo), um está lá na Câmara.